Antes de partir para o Vietnam, ainda havia
umas horinhas para queimar os últimos cartuchos em Luang Prabang. Melhor ainda,
pudemos levantar-nos um bocadinho mais tarde, contrariando a promessa do Daniel
de que se iria levantar antes das seis para fotografar a “Ronda das Almas”, um
ritual onde os monges recebem as oferendas com a refeição do dia de mulheres ao
longo da calçada. Pois, vai mesmo ter ficar para outra ronda.
Adeus Luang Prabang, adeus senhores que mal
ponho o pé fora do hotel já estão “Tuk Tuk?”, “Waterfall?”, “Cheap cheap!” (o
que vale é que os mando a sítios feios e ninguém percebe). Depois do almoço,
siga para Hanoi...de avião! É que a alternativa eram 24 horas de autocarro, num
percurso que muitos chamam de inferno. Ah não era o outro para Luang Prabang?
Ainda consegue ser pior? Nem quero saber.
Uma coisa muito interessante sobre Hanoi, que
se foi confirmando nos dias seguintes, é que ninguém fala um inglês decente
nesta terra. Não é por nada, mas os serviços da capital de um país não saberem
falar inglês não é nada bonito e deixa uma pessoa com os cabelos em pé. É que
nem táxis, nem pessoal na estação...só sabem apontar para as coisas e dizer o
dinheiro.
Chegados ao hotel (4º andar sem escadas...?),
é pousar as malas e ir jantar. Demos dois passos e estávamos a entrar no
restaurante de uma das finalistas do Master Chef Vietnam. E não é que se comeu
bem? O Daniel está a comer mais vegetais nestes dias aqui do que em toda a vida dele. E a gostar!
Ainda tivemos direito a um muffin de
chocolate para celebrar o primeiro mês do restaurante. Já agora, o marido da
cozinheira, um alemão super simpático, está à procura de alguém que a ensine a
fazer paella, o seu prato favorito. Nós bem lhe dissemos que a ensinávamos a
fazer francesinha, mas o homem torceu o nariz.
O dia seguinte levou-nos ao tão famoso
destino de Halong Bay, ou seja, a baía onde o dragão desceu sobre o mar. Só foi
pena estar um bocado de nevoeiro, porque o lugar vale as mais de três horas de
viagem, o motorista louco e até – imagine-se! – o tempo dentro de um barco.
Depois do almoço no barco (dominamos cada vez
melhor os pauzinhos!), chegámos a uma pequena aldeia flutuante, com direito a
posto da polícia (seria?) e até escola, para servir os pescadores que ali
moram.
E é nesta aldeia que começa o novo
divertimento do dia: barquinhos de choque. São dezenas e dezenas de pequenos
barcos e caiaques, atulhados de turistas, coletes cor de laranja, máquinas
fotográficas e guarda-chuvas a debaterem-se por um espaço na água entre as
rochas e as montanhas. Para a próxima, para as fotos parecem paradisíacas,
fazemos como os senhores do turismo vietnamita e tiramos os barcos da foto com
o Photoshop (a sério, senhores?).
A viagem a Halong Bay pressupõe, ainda, uma
passagem por duas grutas e um sem número de lendas sobre as invasões chinesas e
os dragões que por ali andaram. Isto de andar em excursões só tem de bom a
poupança de tempo, porque andar atrás de um menino com uma bandeirinha...
Mas o que fica é a paisagem, mesmo tendo a
certeza de que não vimos nem metade do espaço. Nunca mais me meto numa viagem
em que passamos apenas dois dias em cada lado, só a picar o ponto.
De volta a Hanoi, ganhámos coragem para nos
lançarmos na famosa loucura das ruas cheias de motas, carros e pessoas que já
todos vimos no Youtube. Assusta, é um facto, mas, ao fim de 15 minutos, eu e o
Daniel já tínhamos percebido a técnica: não parar. Ignorar a cor dos semáforos,
ignorar se aquilo é um passeio ou o meio da estrada e, principalmente, ignorar
as mil apitadelas por segundo. E olhem que resulta. Safamo-nos lindamente.
Estou completamente deliciada com estas viagens, para mim uma viagem ao passado! :) Que bom!
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