domingo, 6 de outubro de 2013

Bangkok - II

Tínhamos duas missões na manhã do segundo dia em Bangkok: comprar os bilhetes de comboio para essa noite, para o norte, Chiang Mai e arranjar um carregador novo para o computador do Daniel que pifou na noite anterior.

Uma lição muito importante para quem viaja para a capital tailandesa é de que, por muito que não pareça, as coisas ficam, efetivamente, muito longe umas das outras. Não se fiem nos mapas e não se aventurem do centro à estação de comboios a pé, a menos que não tenham mais planos para esse dia. Nem a meio já estávamos a entrar num tuk tuk. Além disso, parece que se podem comprar bilhetes de comboio em muitos pontos da cidade, tipo agentes de viagens. Nós é que fomos burros, e olhem que eles se fazem ver bem...




Já na estação, tivemos que deixar de lado a ideia de viajar de expresso (mais rápido, mais confortável, mais tudo!) porque a linha está em obras. A alternativa era ir noutro comboio, também com camas, mas sem ar condicionado e que só nos levava até Sila e, aí, apanhar o autocarro, às cinco da manhã, para Chiang Mai. Bela ginástica para fazer de madrugada.




Ok, ok. Bilhetes na mão, de volta ao tuk tuk para o check out no hotel. Como é óbvio, queríamos pagar o mesmo no regresso, mas o motorista não gostou muito da ideia e, para mostrar isso mesmo, levou-nos numa das mais alucinadas viagens de sempre: alta velocidade, travagens bruscas, passagem de sinais vermelhos, curvas à campeão, e por aí. Segura-te!


E agora o carregador. Quão difícil pode ser encontrar uma Apple Store em Bangkok? Ah pois... digamos que fizemos o check out ao meio dia e só nos sentámos a almoçar às três da tarde.

Não falta gente com iPhones na cidade, mas uma loja oficial já ninguém sabe onde fica. Nem as indicações na Internet nos safaram porque, mesmo a apontar a rua no mapa, o motorista do tuk tuk, mais uma vez, vai sempre dizer “yes” sem fazer ideia de como se chega lá.

A propósito: deve dar um belo dinheiro este trabalho. Encontramos um motorista de tuk tuk que estava a terminar cinco meses em Bangkok, a transportar pessoas no tuk tuk, para depois voltar para Sidney com a mulher e o filho durante um ano e regressar de novo a Bangkok. Um caso que fica à consideração de quem precisar de fazer dinheiro.


Como tínhamos pensado nesse dia para a visita aos templos, o plano foi por água abaixo. É que o Grande Palácio Real e o Wat Phra Kaew fecham às 15h30. O Wat Pho, o do Buda reclinado, fechava às 18h30, mas era pouco tempo e preferimos deixar todos para quando voltarmos, no final da viagem. Anotar: a vida na Tailândia começa às seis da manhã.




A solução de final de tarde compensou estes contratempos. Fomos até à margem do Chao Phraya River porque toda a gente dizia que o pôr do sol por trás do Wat Arun merecia um apontamento de visita. Sentados numa esplanada, percebemos o sucesso que aquele espaço tem a partir das seis da tarde, quando as pessoas começam a chegar – como quem não quer a coisa – mas se denunciam ao saltar das cadeiras de câmaras e telemóveis em punho quando se ligam as primeiras luzes do templo e a noite vem dar uma ajuda à beleza das fotografias. Assim é fácil e é bonito, sim senhor.



Nessa noite, fizemos a tal viagem para Chiang Mai. Fomos na segunda classe (não há primeira) e a única coisa que temos a queixar-nos é que, afinal, tinha ar condicionado. Nunca tinha experimentado dormir no Pólo Norte, obrigada pela oportunidade. Que gelo! Afinal, mesmo viajando para climas tropicais, um belo de um agasalho faz uma enorme falta nestas situações.



Dormimos nas camas de cima. Dormimos, mais ou menos, que eu achei sempre que ia cair com os abanões do comboio e não descansei nadinha. Já o Daniel, depois de deixar as pessoas das outras carruagens dormirem, parando de lhes tirar fotos, apagou completamente no meio de camisolas, lenço e cobertores. Ah, a inveja...



Depois de 10 horas, chegámos à tal estação de Sila. Sim, dez horas porque o comboio atrasou uma hora e, recordemos, não é o expresso. É um primo mais velho do Intercidades. Mas – oh Zé! – não tinha qualquer barata.

Em Sila, às seis da manhã, percebemos que ainda tínhamos que ir até à paragem de autocarros. Ok, e...onde raio é que ela fica? Felizmente, nestes locais de desembarque não faltam taxistas e sabem sempre para onde queres ir. A certeza de que ninguém faz uma viagem muito diferente de ninguém.



Mais quatro horinhas num autocarro com televisão a passar programas tailandeses histéricos, oferta de água, leite e batatas fritas de pacote (bela combinação) e, claro, o ar condicionado de fazer congelar o interior de um vulcão. Para já, estamos a aguentar-nos no que diz respeito a constipações, mas por este andar, não sei não.

Mas pronto, chegámos e...que tosta outra vez! Mas o autocarro trouxe-nos ao Dubai? Não, mas trouxe-nos a uma cidade, Chiang Mai, onde 95% das coisas úteis, como informação de autocarros, preços, mercados e tudo o que se conseguirem lembrar está escrito em tailandês. Não augura nada de bom para os próximos dias...

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