Tínhamos duas missões na manhã do segundo dia
em Bangkok: comprar os bilhetes de comboio para essa noite, para o norte,
Chiang Mai e arranjar um carregador novo para o computador do Daniel que pifou
na noite anterior.
Uma lição muito importante para quem viaja
para a capital tailandesa é de que, por muito que não pareça, as coisas ficam,
efetivamente, muito longe umas das outras. Não se fiem nos mapas e não se
aventurem do centro à estação de comboios a pé, a menos que não tenham mais
planos para esse dia. Nem a meio já estávamos a entrar num tuk tuk. Além disso,
parece que se podem comprar bilhetes de comboio em muitos pontos da cidade,
tipo agentes de viagens. Nós é que fomos burros, e olhem que eles se fazem ver
bem...
Já na estação, tivemos que deixar de lado a
ideia de viajar de expresso (mais rápido, mais confortável, mais tudo!) porque
a linha está em obras. A alternativa era ir noutro comboio, também com camas,
mas sem ar condicionado e que só nos levava até Sila e, aí, apanhar o
autocarro, às cinco da manhã, para Chiang Mai. Bela ginástica para fazer de
madrugada.
Ok, ok. Bilhetes na mão, de volta ao tuk
tuk para o check out no hotel. Como é
óbvio, queríamos pagar o mesmo no regresso, mas o motorista não gostou muito da
ideia e, para mostrar isso mesmo, levou-nos numa das mais alucinadas viagens de
sempre: alta velocidade, travagens bruscas, passagem de sinais vermelhos,
curvas à campeão, e por aí. Segura-te!
E agora o carregador. Quão difícil pode ser
encontrar uma Apple Store em Bangkok? Ah pois... digamos que fizemos o check
out ao meio dia e só nos sentámos a almoçar às três da tarde.
Não falta gente com iPhones na cidade, mas
uma loja oficial já ninguém sabe onde fica. Nem as indicações na Internet nos
safaram porque, mesmo a apontar a rua no mapa, o motorista do tuk tuk, mais uma
vez, vai sempre dizer “yes” sem fazer ideia de como se chega lá.
A propósito: deve dar um belo dinheiro este
trabalho. Encontramos um motorista de tuk tuk que estava a terminar cinco meses
em Bangkok, a transportar pessoas no tuk tuk, para depois voltar para Sidney
com a mulher e o filho durante um ano e regressar de novo a Bangkok. Um caso
que fica à consideração de quem precisar de fazer dinheiro.
Como tínhamos pensado nesse dia para a visita
aos templos, o plano foi por água abaixo. É que o Grande Palácio Real e o Wat
Phra Kaew fecham às 15h30. O Wat Pho, o do Buda reclinado, fechava às 18h30,
mas era pouco tempo e preferimos deixar todos para quando voltarmos, no final
da viagem. Anotar: a vida na Tailândia começa às seis da manhã.
A solução de final de tarde compensou estes
contratempos. Fomos até à margem do Chao Phraya River porque toda a gente dizia
que o pôr do sol por trás do Wat Arun merecia um apontamento de visita.
Sentados numa esplanada, percebemos o sucesso que aquele espaço tem a partir
das seis da tarde, quando as pessoas começam a chegar – como quem não quer a
coisa – mas se denunciam ao saltar das cadeiras de câmaras e telemóveis em
punho quando se ligam as primeiras luzes do templo e a noite vem dar uma ajuda
à beleza das fotografias. Assim é fácil e é bonito, sim senhor.
Nessa noite, fizemos a tal viagem para Chiang
Mai. Fomos na segunda classe (não há primeira) e a única coisa que temos a
queixar-nos é que, afinal, tinha ar condicionado. Nunca tinha experimentado
dormir no Pólo Norte, obrigada pela oportunidade. Que gelo! Afinal, mesmo
viajando para climas tropicais, um belo de um agasalho faz uma enorme falta
nestas situações.
Dormimos nas camas de cima. Dormimos, mais ou
menos, que eu achei sempre que ia cair com os abanões do comboio e não
descansei nadinha. Já o Daniel, depois de deixar as pessoas das outras
carruagens dormirem, parando de lhes tirar fotos, apagou completamente no meio
de camisolas, lenço e cobertores. Ah, a inveja...
Depois de 10 horas, chegámos à tal estação de
Sila. Sim, dez horas porque o comboio atrasou uma hora e, recordemos, não é o
expresso. É um primo mais velho do Intercidades. Mas – oh Zé! – não tinha
qualquer barata.
Em Sila, às seis da manhã, percebemos que
ainda tínhamos que ir até à paragem de autocarros. Ok, e...onde raio é que ela
fica? Felizmente, nestes locais de desembarque não faltam taxistas e sabem
sempre para onde queres ir. A certeza de que ninguém faz uma viagem muito
diferente de ninguém.
Mais quatro horinhas num autocarro com
televisão a passar programas tailandeses histéricos, oferta de água, leite e batatas
fritas de pacote (bela combinação) e, claro, o ar condicionado de fazer
congelar o interior de um vulcão. Para já, estamos a aguentar-nos no que diz
respeito a constipações, mas por este andar, não sei não.
Mas pronto, chegámos e...que tosta outra vez! Mas o autocarro trouxe-nos ao Dubai? Não, mas trouxe-nos a uma cidade, Chiang Mai, onde 95% das coisas úteis, como informação de autocarros, preços, mercados e tudo o que se conseguirem lembrar está escrito em tailandês. Não augura nada de bom para os próximos dias...
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